[Crônicas de Quita]: Querido Caderno...

By Luciana Souza - 17:13

...faço tuas minhas palavras neste fim de tarde chuvoso, lembro-me que me disseste por entre essas linhas que a mudança estava próxima, acompanhada da felicidade, mais uma vez estavas certo sobre isto, sobre tudo, tu não erras nunca, não? Eu poderia reclamar das curvas que tuas palavras me levaram, dos becos sem saídas e dos muros que tive que escalar, eu poderia reclamar daquele não que foi dito, daquela porta que se fechou, daquela mágoa sofrida por aquele amor que nunca existiu, eu poderia culpar-te por toda lágrima derramada, por cada amarga palavra escutada, por cada noite em desespero, por cada dia da solidão. Eu poderia, poderia muita coisa dizer-te neste momento, mas não vou, não que me falte coragem, não que me falte palavras, mas porque tu apenas tu me ensinou a passar por tudo.

Tuas doces palavras afagaram minha dor, tuas promessa de dias melhores renovaram minha esperança, tuas páginas me tiraram aquele sorriso no momento em que lágrimas me tomavam conta, tu prometeste e cumpriste, que ironia ou loucura eu diria, acreditar nas palavras de um caderno velho que passa a maior parte de seu tempo no fundo de um gaveta da velha cômoda do sótão, tão escondido, tão solitário e em vez de se deixar cair nas sombras tira teus dias para alegrar-me, para guiar-me e me contar do quão próspero é o futuro que me aguarda. Esse dia chegou.

Chegou a hora de partir, de seguir em frente, de viver a felicidade tão prometida, de viver os dias de luz naquele jardim de margaridas embrenhado no bosque, tão longe eu sei, ma tão meu, tão eu, queria que fostes comigo, mas não queres e não consigo entender, diz-me que tua jornada já foi cumprida, que esta na hora de partir, partir para onde querido? Não posso abandonaste no fundo daquela gaveta, não depois de fazer tanto por mim, poderia fazer bem a outro, ajudar outras almas, guiar de volta ao caminho outras ovelhas desgarradas, esta decidido vou doar-te, doar-te a quem assim como eu me senti um dia, se sente só, perdida, sem rumo, em meio as sombras, não pares querido, ajude-os eles precisam.

Mas não poderia ir-me sem lhe agradecer, pelas belas palavras de conforto em meio a páginas amareladas pelo tempo, este sempre foi o teu charme, agradecer-te pelos dias que passaste a meu lado, me guiando, me aconselhando e por tornar real a tal felicidade, aquele que me prometia todo final do dia e que colocaste em minhas mãos neste momento, o momento certo como sempre li em ti, falando em hora olha só já passou da minha estou mais que atrasada, devo partir, mas não se preocupe querido não lhe deixarei aqui, um caderno como você não pode ser perdido, não deve se perder, venha vamos que te levo ao seu futuro afinal nada nem ninguém pode ficar parado no tempo.

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3 Comentários

  1. Bate uma nostalgia gostosa ler algo assim pela manhã..com esse sol tímido querendo quebrar o frio e a névoa lá fora...
    Hora de recomeçar, não de colocar um pedra no passado, mas só seguir!
    Agradecer...e ir em frente!
    Beijo

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