Para começar, devo dizer que havia algum tempo que um livro não me prendia assim, com aventura, fantasia e romance na medida certa. O Reino de Nova está em perigo porque a Princesa Evelyn tomou uma poção do amor e se apaixonou por ela mesma. Para salvar sua vida, é iniciada a Caçada Selvagem, que há muito não era feita. Nela, alquimistas convocados pelo Chifre de caça devem procurar os ingredientes da poção original e salvar a princesa e todo o reino. Samantha vem de uma família tradicional de alquimistas, a família Kemi. Durante muito tempo eles trabalharam para a família real, mas agora os negócios não vão bem, porque depois da última caçada e um certo mistério, Zoro Aster venceu e passou a utilizar sintéticos nas poções, ganhando não só a família real, mas uma gama de clientes, tornando o trabalho dos Kemi - natural- muito menos procurado. Sam enxerga na caçada uma oportunidade de reerguer o nome de sua família, mas seu avô não quer participar. Ela, então, conta com a ajuda sua melhor amiga Anita e o irmão Arjun, que também estão participando da Caçada e de Kirsty, a coletora.

Não foi sempre assim. A Loja de Poções Kemi foi um dia uma das boticas mais proeminentes de Kingstown. Mas ninguém precisa mais de boticas. Não quando tem megafarmácias, no centro da cidade, vendendo versões sintéticas das poções tradicionais pela metade do preço. Agora somos resquícios de um tempo que não volta mais. Relíquias. (pág. 11)

A narração é intercalada entre Samantha e a princesa, sendo com Sam em primeira pessoa e com a princesa em terceira pessoa. A autora consegue mesclar bem as duas narrações e nos dá os pontos de vista necessários para entender não só as protagonistas, mas todos os personagens dos diferentes núcleos. Outra coisa muito interessante foi o universo que Amy Alward criou. A história se passa em Kingstown e apesar de ser atual e possuir tecnologia, internet e até redes sociais, é um mundo diferente. Lá, as pessoas são divididas entre Talentosos e comuns. Os Talentosos podem canalizar magia através de um objeto, enquanto os comuns são os sem acesso à magia. Isso traz uma dinâmica social muito interessante à história. Sam, sua amiga, seu pai, seu avô são comuns, sua mãe e irmã, Zain e a própria princesa,Talentosas.

Ser comum, no entanto, é o que faz de nós grandes alquimistas. Nossa incapacidade para praticar magia nos dá a vantagem de poder lidar com ingredientes mágicos sem correr o risco de corrompê-los ou contaminá-los. Mas esse não é o nosso diferencial. O que torna a família Kemi especial é a nossa incomparável vocação parar as artes alquímicas- saber intuitivamente a receita de qualquer poção, discernir as propriedades de cada ingrediente e entender os mistérios por trás do processo de cura. (pág.19)

Além de ter que vencer seus próprios medos e desafios em relação à Caçada, Samantha ainda enfrenta o perigo de Emília, irmã exilada do Rei que foi convocada pelo chifre. Ela, que é uma Talentosa, é uma vilã capaz de qualquer coisa para tomar o trono, inclusive matar. Cada família possui um Coletor, são eles que ajudam na procura de ingredientes. Sam conta com Kirsty, a coletora da família Kemi, experiente, incisiva e feroz! As duas viajam por lugares que Samantha nunca imaginou ir, de Selvas à montanhas, a procura de ingredientes que instintivamente a garota vai montando no seu quebra-cabeça. A protagonista também lida com outra situação: a equipe da ZA, a coorporação ZoroAster e principal rival de Sam na Caçada, possui o aprendiz mais charmoso: Zain. Ele e Sam têm uma pequena história em uma competição de poções da escola, e a menina vai descobrindo sentimentos, e tentando afastá-los, a medida que Zain se aproxima cada vez mais. Outro detalhe importante: Zain é amigo da princesa e foi por causa dele, e da pressão dos pais para que casasse, que a princesa fez a poção e a tomou por engano.

Eu abraço um travesseiro com força contra o peito. Só vou poder dissecar as palavras de Zain quando voltar da montanha. Então posso pensar no quanto é injusto que o cara por quem eu sou louca, que acabou de me convidar para sair, com quem eu quero sair, seja o meu maior adversário. (pág. 228)

 Agarrou a janela que a separava de seu precioso amor e ficou aliviada ao ver que Lyn tinha finalmente decidido se juntar a ela. Eve estendeu a mão para tocá-la através do vidro e Lyn imitou seu movimento, estendendo a mão também. (pág. 131)