Mais uma noite em claro.
O relógio marca as horas em câmera lenta enquanto eu fito o teto pensando em absolutamente nada e em tudo, eu me vi submersa em meio ao oceano negro que me tornei ao longo dos dias. Ao longo da vida. A cada manhã sinto que me fecho um pouquinho mais, ou será que simplesmente estou morrendo por dentro? A verdade? Não sei, tenho me pegado vagando em meio a incertezas e alguns talvez mal mencionados. Estou caminhando em direção ao abismo que me tornei. Frio e sem fim.
Eu já disse isso.
Eu já disse tantas coisas, mas o nó em minha garganta me diz o contrário, me sinto muda para o mundo. Sinto que ninguém me ouve. Será que alguém pode me ler? Por que tenho a sensação que a resposta para tudo isso é um mero não? Não consigo me concentrar. Deixo minha mente vagar entre os “nadas” e os “tudos” que insistem em me preencher nas noites silenciosas. Silêncio. Quem me vê tão quieta não imagina o quão barulhenta é minha mente. O quão inquieta eu me sinto a cada dia. Não concluo mais nada, não que antes eu pudesse me orgulhar de ser a pessoa que sempre chegava ao fim de algo, mas nos últimos tempos nem as palavras surgem da mesma forma que antes.
Estou rodeada de hipócritas.
Olho a minha volta e me vejo envolta a uma camada densa e tóxica de hipocrisia, pessoas que falam, falam, mas no fundo não tem nada a dizer, eles caminham para lá e para cá em seu mundinho reclamando e eu permaneço apenas olhando. As vezes a vida parece passar em câmera lenta. Como um filme borrado na velha TV. A verdade é que se sentir sozinha é um caminho sem volta, pois quanto mais você se sente assim, mais você quer ser assim, absorto em meio a sua solidão, em meio ao seu silêncio mesmo que sua mente não pare por um segundo se quer.
Várias noites em claro.
Isso é o que vem me resumindo ultimamente. Olho para o papel e vejo palavras tremidas e sem sentido que as vezes simplesmente saem e no minuto seguinte me pego pensando como devo continuar aquilo. Pode uma ter apenas duas linhas? Ou apenas três palavras? Eu deixei a solidão me abraçar de pois de fugir dela durante anos. Sejamos sinceros todo mundo uma hora cansa de correr, cansa de fugir, cansa de ignorar o destino que está bem ali no seu encalço. Tenho me perdido em leituras tristes, histórias deles e não minha, mas ainda assim sinto que cada palavra foi feita para mim. Foi feita. Foi feita. Não sei ao certo o que isso pode significar.
Como sair disso? Você não sai, ao menos eu não. Depois que você se prende em você e joga a chave no lugar mais escuro da sua mente, acredite a saída se torna difícil e você se vê obrigada a vagar em meio aos devaneios e sonhos que pairam em seus pensamentos. Sonhos. Minha vida tem se resumido a isso também, sonhar é o que tenho feito. Ora possível ora descabível. Tenho tirado muitas fotos, a maioria do céu, mas de certa forma tem me trazido paz em alguns dias e assim apenas vou seguindo sem muito certeza do próximo passo ou se o anterior foi dado de maneira correta. Estou caminhando em incertezas, no escuro da vida. Estou a trilhar um único caminho. Um único trajeto que mesmo que eu diga em alto e bom tom não saber onde vai dar, lá no fundo um sentimento me diz firme qual será o desfecho dessa estrada.
8 Comentários
Uma reflexão forte, crua e dura sobre um momento não tão bom. Nem poderia ter sido escrito de forma diferente!
ResponderExcluirA vida é um oceano e azar de quem não sabe nadar!!!!
Beijo
Eu não sei nadar e agora? Haha ainda bem que temos bóia nessa vida não é mesmo? Fico feliz que tenha gostado, um beijo.
ExcluirNossa! Sério, eu tô muito arrepiado! Eu li esse texto e, em todos os momentos, imaginei uma amiga minha que passa por uma situação não muito boa há algum tempo e a sensação de solidão a preenche por completo. Fiquei muito melancólico com o texto e a imaginação concebida de acordo com os fatos.
ResponderExcluirAh eu espero que ela encontre sua luz em breve, todos passamos por momentos assim na vida mas o que nos torna forte é o fato de conseguirmos nos levantar todas as vezes. Fico feliz que tenha gostado e envie energias positivas minhas para ela.
ExcluirQue saudades das crônicas do blog!
ResponderExcluirElas me fazem ter vontade de escrever <3
Ah escreva moça, é uma forma linda de se expressar e de esvaziar o peito as vezes. Um beijo.
ExcluirOi, Luciana!
ResponderExcluirVi o meu eu do passado em A Vida é um Oceano?, quantas noites não dormidas trancada em mim mesma? O silêncio sufocante enquanto minha mente não parava quieta... O pedido mudo de ajuda que felizmente alguém ouviu tempos depois, mas as emoções e sensações vivem em minhas memórias...
Enfim, amei o seu texto, parabéns!
E quem nunca se perdeu dentro de si mesma em noites silenciosas enquanto a mente gritava por socorro? Engraçado como a vida tem desses altos e baixos que nós tornam tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. Fico feliz que tenha gostado, um beijo.
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