Três grandes obras de Rubem Alves reunidas em um só volume Coletânea de três outros livros de Rubem Alves, todos inspirados na poesia do inglês Willian Blake, A eternidade numa hora reúne crônicas que permitirão ao leitor o mais profundo contato com o que a prosa desse grande escritor brasileiro revela. Com Um mundo num grão de areia, O céu numa flor silvestre e O infinito na palma da sua mão reunidos em uma única edição, será possível compreender o quão sublime e magnífico é o mundo, a riqueza e infinitude do universo humano e toda a beleza divina – manifestada nas artes, na natureza e nas descobertas humanas – são os temas das crônicas aqui reunidas. Tocar o infinito, viajar pelo mundo irrevelado que habita cada ser humano como um minúsculo grão de areia e contemplar a beleza que as palavras de Rubem Alves capturam. Seu olhar certamente estará transformado ao final da leitura deste livro.

Olha, se tem uma palavra para definir esse livro é: DESCOBERTA. Descoberta de sentimentos que eu já sabia que estavam adormecidos em mim, sentimentos que eu nem sabia que tinha... Rubem Alves possui uma sensibilidade em sua escrita que até em crônicas bem-humoradas (que eu adoro) a gente aprende uma lição. Já conhecia o autor, por ser da área da educação, estudei algumas frases no Ensino Médio. Mas não sabia da profundidade de seus temas, nem desses três livros baseados na citação de William Blake (aliás, para quem não sabe quem é o moço, pesquise! outra descoberta incrível). O mais lindo disso tudo, que consegue até me arrepiar, é que os livros "Um Mundo num grau de areia", "O céu numa flor silvestre" e "O infinito na palma de sua mão" foram reunidos agora, depois de sua morte, com o título que faltava na citação de Blake: "A eternidade numa hora".


Ao longo de tantas páginas, de histórias vividas por ele ou não, Rubem consegue tratar de temas diferentes com a mesma sensibilidade. Amor, religião, família, morte, solidão, drogas e muitos outros assuntos estão presentes na obra. Dá para devorar as crônicas rapidamente, ou ir se deliciando aos poucos, como foi o meu caso. Queria fazer a resenha mas não queria que acabasse. É aquele tipo de livro que é só abrir uma página quando você sente que está precisando de uma palavra que vai estar lá.

“O mundo é muito bonito! Gostaria de ficar por aqui... Escrever é meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente. Depois que eu for, elas ficarão. Quem sabe se transformarão em árvores! Torço para que sejam ipês-amarelos..."

Conhece-se a beleza dádiva dos deuses por aquilo que
ela produz na alma dos homens.
Quem é possuído por ela entra em êxtase:
cessa o riso, cessa o choro, o pensamento para,
a fala emudece.
É mística.
A alma está tomada pela felicidade
da tranquilidade absoluta.
Era assim que se sentia o Criador ao contemplar,
ao final de cada dia de trabalho,
o resultado da sua obra:
"Está muito bom!
Do jeito que deveria ser!
Nada há de ser modificado!
Amém!"

Dentre as crônicas, gostei muito das histórias pessoais do autor, seus medos, teorias e suposições. Também gostei muito de quando, ao falar de determinado assunto, ele colocava citações, poemas e frases de diversos autores, isso só enriqueceu mais ainda o livro. A diagramação está ótima e essa capa linda demais!!! A editora está de parabéns. Me encantei também com o fato do autor ter sido pastor e ser tão esclarecido espiritualmente. Ele fala de religão como gaiolas querendo prender o pássaro (Deus) e conta um fato interessante quando uma antiga conhecida, agora freira, o encontra e ele a deixa desconcertada. Pesquisando, descobri  que ele foi questionado desde cedo por suas ideias e teve de abandonar o pastorado, tendo antes abandonado suas convicções doutrinárias ortodoxas. Rubem Alves foi leitor antes de qualquer coisa, mas também foi escritor, professor, pastor, filósofo... Recomendo e muito a leitura!

Besos!

PS: Tem um conto que compara jogos de futebol a alguns martírios vividos em desenhos infantis... fiquei me perguntando se Rubem ainda estava aqui no 7x1 Alemanha x Brasil. Vi que ele faleceu em Julho de 2014, e a dúvida ficou.