Assisti-lo dia após dia era tudo o que me restava, a distância tanto em milhas quanto em grau não me deixava esquecer o quão impossível ele era para mim, ao menos era o que eu pensava até o destino me provar o contrário.
Setembro de 1988...
O pôr-do-sol ao longe no horizonte me mostrava que o programa já estava perto de começar, assisti-lo todas as noites era meu motivo para acordar todos os dias, o acompanhei desde o inicio e ele se tornou um orgulho para mim, uma inspiração, algo que talvez eu nunca me torne, já sei que meu destino é acabar numa velha casa no campo repleta de gatos e plantas, sozinha sentada na varanda apenas observando o dia passar, triste eu sei, mas é o que meu destino me reserva. De tola entrei em casa e liguei a TV na intenção de repetir o meu ritual diário favorito, assisti-lo, ingênua não pude perceber que naquela noite minha vida mudaria por completo.
O sol já se punha a tempos e a lua reluzia lá no alto como uma lampada acessa no horizonte, a TV só passava longos e repetidos comerciais e ele não aparecia comecei a ficar nervosa e preocupada o que será que havia acontecido, porque ele não aparecia? Porque eles não falavam nada sobre ele? Era como se ele nunca tivesse existido para eles, assustada me levantei e sai, sem rumo e sem direção com apenas uma coisa na cabeça...precisava encontra-lo.
De malas feitas e sem nenhum bilhete de despedida tomei o primeiro trem para Boston na esperança de vê-lo ao menos uma ultima vez, as longas horas de viagem serviram somente para e deixar mais inquieta e preocupada com o que pudera acontecer...mas fora em vão, cada tostão gastado, cada milha percorrida, cada hora de sono perdida fora em vão. Ele não estava em Boston. Ninguém sabia onde ele estava, ele simplesmente havia sumido literalmente do dia para noite, triste e sem entender o que havia acontecido apenas peguei de volta o primeiro trem a fim de voltar para minha inútil e triste vida sem ele, mas ao colocar a mala na varanda me deparei com ele, parado a me olhar.
- O que faz aqui? - Perguntei assustada.
- Vim te ver, estava com saudades de casa. - me respondeu sorridente, ele não mudara nada nesses últimos anos, mantera as feições de criança, aquelas as quais tanto me apeguei.
- Mas e o programa? E a sua vida em Boston? - Ele estava na minha varanda novamente, meu coração batia tão forte que eu sentia como se fosse explodir a qualquer momento, uma vontade louca de abraca-lo me invadia mais e mais, não imagina quanto tempo ainda aguentaria.
- Para mim não dá mais, eu sinto muita falta de casa, sinto muita falta de você, tudo isso não é nada sem você, então eu apenas larguei tudo e vim embora.
- Simplesmente desistiu de tudo pelo qual lutou sua vida toda? - eu precisava saber, acompanhei ele esse tempo todo sei o quão difícil foi sua jornada, não ia deixa-lo desistir por mais que o queresse do meu lado para sempre.
- Não pequena, aquele foi meu ultimo ato, em Boston, quero recomeçar aqui e com você, durante todos esses anos eu pensei em você, lembrei dos nossos momentos e senti muito sua saudade, sabia que mesmo a distancia você cuidaria e torceria por mim e percebi então que já estava na hora de voltar, o que me diz vamos viver? Viver nosso felizes para sempre?
7 Comentários
Luciana que lindo, adorei, gosto mto dos seus posts, e mais uma vez me surpreendeu...Qria ler mais e mais ...
ResponderExcluirBjs!
Fico muito feliz em saber que gosta dos meus textinhos moça, aconchega o coração palavras assim, muito obrigada e um beijão.
ExcluirOlá!
ResponderExcluirSeus textos são maravilhosos, tem uma história, frase é incrível. Queria que fosse todos os dias colocasse textos assim. Está de parabéns!
Meu blog:
Tempos Literários
Obrigada minha flor <3 fco muito feliz que goste de meus textinhos isso é uma honra. Um beijo!
ExcluirDe fato é um dos melhores posts do seu blog são esses contos que você escreve contos e crônicas Sinceramente você deveria incentivar mais isso só as minhas postagens favoritas
ResponderExcluirObrigada meu bem fico feliz em saber que goste viu, um beijo!
ExcluirLuciana!
ResponderExcluirQue lirismo, adorei!
Gosto muito de finais felizes e saber que o destino dela não era mesmo viver só e isolada, alegrou muito a leitura do conto.
Muito bom mesmo!
Que dezembro seja repleto de realizações e o final de semana cheio de luz e paz!
“Dentre os mais dignos predicados de um homem está o de saber dizer a verdade.” (Renato Kehl)
cheirinhos
Rudy
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