[Crônicas de Quinta]: Reguei Flor, Colhi Dor

By Luciana Souza - 09:28

Me perco em pensamentos mais uma vez, faz bem de certa forma, posso entrar num mundo meu e esquecer tudo que está acontecendo, ignorar por completo. Lembro do primeiro dia onde tudo fora tão simples, sem rancor, sem magoa, só palavras bonitas de amor, palavras. Acreditar que poderia ter dado certo foi um erro, depois de tudo que aconteceu, sabíamos que era apenas uma questão de tempo e que o fim não tardaria, mesmo assim, me deixei levar e flutuei por entre suas nuvens, no fundo eu fui completamente errada em me deixar levar, sabendo qual seria o resultado.

Sou despertada de meus devaneios pela minha realidade, a solidão. Sozinha num mundo egoísta e hipócrita, meio sensacionalista eu sei, mas não passa da minha mera opinião. Acho engraçado o dom que as pessoas tem de piorar tudo quando já se estar pior e apesar de muitos chamarem isso de provação, eu creio que sempre vem na hora errada. Me desculpe, mas é o que acho. Certa vez me disseram que tudo tem seu tempo, eu não discordo, mas não acho justo certos minutos.

Ter em mente que se está só faz com que eu me entregue a escuridão, deixo ela me embalar e me levar daqui, talvez possa aliviar a dor, a magoa, a tristeza, talvez só aumente tudo isso, mas ela é o que me resta, então a deixo me guiar, se há uma luz no fim eu não sei, não há como saber, meu olho estão vendados pela dor em um nó triplo sem a menor intenção de soltar, talvez não deva, acho melhor eu permanecer cega para o mundo, posso evitar muita coisa assim.

Minha realidade no fim é outra, e olhar em volta e ver que nada lhe pertence, que tudo se fora, que tudo mudou, que amar vai muito alem de palavras bonitas, e que quando se entrega ao amor, você está sujeito a se magoar, e tem que ser firme para arcar com as consequências. O que parece um fim pode ser apenas um recomeço, uma nova chance, mas não se empolgue com ela ser com a mesma pessoa, vai entender o que o futuro reserva. Mas é preciso ter os pés no chão.

Chão, no momento ele não existe, mas vou reconstruí-lo, ainda não sei como mas sei que vou, tudo leva seu tempo, e não dua para sempre, "para sempre" outras meras palavras, sem firmeza e sem valor, "valor" esse que se perdeu, como tudo na verdade, mas lamentar não muda o fato, se torna apenas mais um ato, de dor, de magoa, de tristeza, um ato de incerteza e de solidão. Abrace a escuridão e deixe ela guiar a cegueira de dor, nesse mundo completamente se amor.

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7 Comentários

  1. O amor e a dor precisam existir, aliás penso eu, um não existe sem o outro.
    É preciso tempo certo de fazer a colheita, seja de um sentimento ou de outro e se dermos muita sorte mesmo, ambos sentimentos acabam vindo juntos..e sendo assim, nos fazendo ser mais humanos!
    Beijo

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    Respostas
    1. Um não caminha sem o outro. Fico feliz que tenha gostado.

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  2. Que linda crônica!
    Realmente o amor, a vida, os sonhos, tudo é incerto e traz sempre muita dor.
    Mas vale a pena ter os pés no chão e lutar pelos nossos sentimentos e sonhos.
    bjs

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  3. Luuciana!
    Que lindo!
    Quem nunca colheu dor não é?
    Vez outra me pego colhendo, mas sempre me reerguendo...
    Amei!
    Bjs!


    https://aguardiadasresenhas.blogspot.com/

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  4. Mesmo colhendo dor sempre devemos seguir em frente, com a certeza de que depois da escuridão encontraremos a luz...
    Curti seu texto, parabéns!

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